domingo, 30 de setembro de 2018

Em sua Pele... Uma Manhã com um Agente Comunitário de Saúde




No dia 04 de Outubro É comemorado o dia do Agente Comunitário de Saúde e do Agente de Endemias e eu não poderia deixar de relatar aqui uma experiência maravilhosa que vivi recentemente. 


Que o Agente Comunitário de Saúde é um personagem de fundamental importância para o bom funcionamento do Sistema Unico de Saúde (SUS) não é nenhuma novidade, porém, apenas ler ou ouvir falar da sua realidade diária não é suficiente para entender o seu verdadeiro papel. Fomos convocados para um vivência diferente, passaríamos uma manhã na pele do ACS de uma Unidade de Saúde de nossa cidade Vitória da conquista, Bahia.   
Pois bem, o dia escolhido foi uma segunda feira, e, não sabemos se é rotina, mas neste dia estava acontecendo uma reunião entre os ACS e a enfermeira responsável por aquela equipe. Logo soubemos que nestas reuniões são passadas algumas informações sobre a área do agente, as demandas dos usuários, assim como também são discutidas as dificuldades encontradas em campo. Assim que foi organizada a maneira que faríamos a visita, uma dupla de alunos acompanhando cada Agente de Saúde, saímos para as ruas.
    Não demorou muito para visualizar que o ACS é alguém de total confiança da comunidade, é esse profissional que tem o contato mais próximo com a população. São pessoas versáteis que exercem seu papel para muito além de simplesmente cadastrar as famílias usuárias do SUS. São eles que ouvem sobre os problemas enfrentados para o acesso aos serviços de saúde como consultas, exames, medicamentos e tratamentos especializados, e, apesar de acharem que não podem fazer muito, como comentou a agente que acompanhamos, eles ouvem atentamente e dizem que logo deve melhorar, é isso que esperam.
    O que dizer sobre aquela profissional que tivemos o prazer de conhecer? Alguém, que, apesar da pouca formação técnica, é um pouco de médica, enfermeira, fisioterapeuta, psicóloga e nutricionista. Isso mesmo! Nas poucas visitas que fizemos uma puérpera, duas mães adolescentes, uma idosa (com diabetes tipo 2, hipertensão arterial e em recuperação de um Acidente Vascular Cerebral), foi possível observar como é ampla a atuação dessa profissional da saúde. Ela orientou sobre a importância de tomar os medicamentos corretamente, continuar a fisioterapia em casa seguindo as recomendações da fisioterapeuta, orientou sobre a amamentação e a importância para a criança, etc.
    Não podemos esquecer de falar sobre como é a rotina desses profissionais. Andar de casa em casa todos os dias certamente não é tarefa fácil. E, como relatado por eles, a variação do clima é mais um desafio de sua profissão, pois tanto em dias de chuva como em dias ensolarados a visita deve ser realizada. Mas além desse fator, ainda existem outros como, por exemplo, a prericulosidade que enfrentam diariamente. O bairro em que visitamos é um exemplo desse perigo, por ser uma reigião periférica da cidade com pouca segurança pública, assaltos e roubos são frequentes, além do tráfico de drogas na região que é uma realidade. Esses são apenas alguns dos fatores que tornam essa profissão de alta vulnerabilidade.
    Apesar dos riscos e desafios vividos, a agente que acompanhamos parece satisfeita com o papel que ela sabe que exerce em sua comunidade. Vale ressaltar que, quando contratados, eles são alocados nas regiões e bairros onde vivem. Por isso o sentimento de pertencimento e de cooperação para com os seus vizinhos ou comunidade geralmente sobressair frente às dificuldades encontradas em seu ambiente de trabalho.

Possibilidades de Atuação do Nutricionista da Equipe do Nasf







Você se Lembra que Falamos Aqui sobre o Apoio Matricial, falamos sobre como ele funciona e como é importante para o bom andamento do serviço na Atenção Básica à Saúde, no âmbito da Saúde Pública?
Pois bem, hoje vamos trabalhar um exemplo de como o Nutricionista pode atuar utilizando o Apoio Matricial no seu dia a dia de trabalho se ele atuar no Nasf (Núcleos de Apoio à Saúde da Família).
             Você sabia que no site da Atenção Básica  existe uma aba que se chama Publicações que estão completamente disponíveis para os profissionais que atuam no SUS consultarem e estarem sempre se atualizando sobre as condutas a serem seguidas em sua área de atuação.
            Estes Cadernos são recursos que não devem ser dispensados pelos profissionais atuantes da saúde pública e com o nutricionista não é diferente. Aqui você encontra o Caderno 27 e o Caderno 39 da Atenção Básica. 
         São nestes Cadernos que encontramos as Ações de Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde, estas ações de alimentação e nutrição a serem desenvolvidas pela Estratégia de Saúde da Família, em parceria com os Nasf, devem pautar-se nos princípios da universalidade, da integralidade e da equidade, bem como no trabalho interdisciplinar, intersetorial, ético, resolutivo, longitudinal, acolhedor, com vínculo e responsabilização.
Por desempenhar papel importante ao ser o primeiro contato dos usuários com o sistema de saúde, a Estratégia de Saúde da Família torna-se um local privilegiado de atuação na promoção de saúde e no enfrentamento dos agravos nutricionais que acomete o indivíduo, as famílias e a população.
O Nutricionista enquanto membro da equipe do Nasf, prioritariamente desenvolve as suas ações com a equipe da SF de sua área de abrangência. O atendimento clínico individual faz parte apenas ocasional das atribuições regulares dos profissionais do Nasf. Quando o usuário necessitar de cuidado nutricional específico, este deve ser operacionalizado por meio do Projeto Terapêutico Singular (PTS) a ser cuidado, acompanhado e de responsabilidade direta das equipes de SF, sob orientação do Nasf.
Vale destacar que o processo de trabalho dos profissionais do Nasf deve ser desenvolvido por meio do Apoio Matricial com a criação de espaços coletivos de discussões e planejamento. Organizado e estruturando espaços de:
1 – Ações clínicas compartilhadas;
2 – Intervenções específicas do profissional do Nasf;
3 – Ações compartilhadas nos territórios de sua responsabilidade.
            Nesta lógica de atenção, prepara-se uma agenda de nutrição que deve ser organizada em conjunto com a equipe de SF, tendo como base as necessidades locais (a caracterização do perfil epidemiológico, ambiental e social da comunidade e dos espaços domiciliares, com a identificação de riscos, potencialidades e possibilidades de atuação e reconhecimento da situação de saúde, alimentação e nutrição das famílias.
            Como já falei em outra oportunidade Aqui, este Blog foi idealizado a partir das nossas aulas de Nutrição em Saúde Pública que acontecem na Universidade Federal da Bahia no Instituto Multidisciplinar em Saúde no Campus Anísio Teixeira em Vitória da Conquista, BA. E, portanto, foi realizado em sala uma atividade para propormos ações utilizando uma dessas ações com o Apoio Matricial.
            Nas páginas 72 e 73 do Carderno 39 Vemos um Quadro com uma lista com um resumo com as Possibilidades de Atuação do Nutricionista da Equipe do Nasf. 
         Desse quadro foi escolhida uma das ações e proposta uma estratégia para colocá-la em prática...
         Vamos ao que nos interessa um Exemplo de como utilizar o Apoio Matricial no seu trabalho. 
Ação escolhida, dentre as 17 propostas, foi a número 8 que diz:
 - Articulação dos serviços de saúde com instituições e entidades locais, escolas e ONGs para desenvolvimento de ações de alimentação e nutrição, na sua área de abrangência, mediante participação em rede intersetoriais e interinstitucionais (serviços, comunidade, equipamentos sociais e sociedade civil organizada) para promoção de mobilização, participação da comunidade, identificação de parceiros e recursos na comunidade, incluindo produção e comercialização local de alimentos.

Estratégia:
  1. Primeiramente realizar uma capacitação com outros profissionais de saúde que atuem naquela área onde vai ser realizada a ação (Agentes Comunitários de Saúde, Enfermeiros, Médicos, Profissionais do SAME, etc.) sobre a importância da Educação Alimentar e Nutricional e da Segurança Alimentar.
  2. Definir juntamente com a equipe a melhor maneira de transmitir esse conhecimento à comunidade. Alguns Exemplos são: Feiras de Saúde, Exposições em algum evento da comunidade, Amostras dentro da própria Unidade de Saúde dos Bairro.
  3. Foi proposta a elaboração de uma Feira de Saúde onde seria possível stands com Oficinas Culinárias – onde seriam realizadas preparações saborosas e saudáveis; Além de stand ensinando sobre a criação de hortas comunitárias onde fosse possível a promoção da agricultura familiar.
  4. Na Feira, oferecer um curso de Elaboração de Rótulos para estimular a comercialização de produtos locais.

Bem, este é apenas um exemplo de estratégia dentro destas muitas ações do nutricionista dentro do Nasf.

😊 Se gostou e foi útil para você, deixe seu comentário e até a próxima. J


sábado, 29 de setembro de 2018

Sobre as Diretrizes da PNAN – Política Nacional de Alimentação e Nutrição

Vamos conhecer as Diretrizes que regem a PNAN:

 

- Organização da Atenção Nutricional:
Necessidade de uma melhor organização dos serviços de saúde para atender às demandas geradas pelos agravos relacionados à má alimentação, tanto em relação ao seu diagnóstico e tratamento quanto à sua prevenção e à promoção da saúde.
- Promoção de Alimentação Adequada e Saudável:
Conjunto de estratégias que proporcionem aos indivíduos e coletividades a realização de práticas alimentares apropriadas aos seus aspectos biológicos e socioculturais, bem como ao uso sustentável do meio ambiente.
- Vigilância Alimentar e Nutricional:
Descrição contínua e na predição de tendências das condições de alimentação e nutrição da população e seus fatores determinantes. Deverá ser considerada a partir de um enfoque ampliado que incorpore a vigilância nos serviços de saúde e a integração de informações derivadas de sistemas de informação em saúde, dos inquéritos populacionais, das chamadas nutricionais e da produção científica.
- Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição:
As estruturas gerenciais devem possibilitar a construção de estratégias capazes de elaborar e concretizar processos, procedimentos e fluxos de gestão, em consonância com as suas realidades organizacionais e que promovam a formulação, a implementação e o monitoramento das suas ações de alimentação e nutrição.
- Participação e Controle Social:
Criação de Comissões Intersetoriais de Alimentação e Nutrição (CIAN), em âmbito estadual, distrital e municipal potencializará o debate acerca da PNAN na agenda dos Conselhos de Saúde. A instituição do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA e das Conferências Nacionais de Segurança Alimentar e Nutricional e o fortalecimento simultâneo dos diversos fóruns e conselhos das políticas relacionadas à Segurança Alimentar e Nutricional trazem como desafio para o CNS e a CIAN, a ampliação do diálogo e a busca de consensos para construir democraticamente as demandas da sociedade civil sobre a PNAN e sobre o conjunto de programas e políticas a ela relacionadas.
- Qualificação da Força de Trabalho:
A qualificação dos profissionais em consonância com as necessidades de saúde, alimentação e nutrição da população, sendo estratégico considerar o processo de trabalho em saúde como eixo estruturante para a organização da formação da força de trabalho.
- Controle e Regulação dos Alimentos:
Planejamento das ações que garantam a inocuidade e a qualidade nutricional dos alimentos, controlando e prevenindo riscos à saúde, se faz presente na agenda da promoção da alimentação adequada e saudável e da proteção à saúde.
- Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição:
Desenvolvimento do conhecimento e o apoio à pesquisa, à inovação e à tecnologia, no campo da alimentação e nutrição em saúde coletiva, possibilitam a geração de evidências e instrumentos necessários para a implementação da PNAN.
- Cooperação e Articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional:
Articulação e cooperação entre SUS e Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN) proporcionará o fortalecimento das ações de alimentação e nutrição na Rede de Atenção à Saúde, de modo articulado às demais ações de SAN com vista ao enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional e dos agravos em saúde, na ótica de seus determinantes sociais.
        Agora uma missão a você…escolher 5 delas que você ache mais importantes e classifica-las por nível de relevância em uma escala (de 1 a 5).
Se você, assim como eu, achou bem difícil essa tarefa é porque ela é mesmo. Pois todas as diretrizes são muito importantes e devem ser observadas para um melhor entendimento de como é abrangente essa Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Claro que existem aquelas que funcionam como um Eixo Central e Transversal, como é o caso da Organização da Atenção Nutricional. Outra diretriz super importante é Participação e controle social, pois ela aproxima a PNAN da população esse elo é necessário para “fechar as ações”. É a ampliação do diálogo e a busca de consensos para construir democraticamente as demandas da sociedade civil sobre a PNAN e sobre o conjunto de programas e políticas a elas relacionadas. As comissões são formadas sempre por pessoas inseridas neste contexto que estão totalmente voltadas a sua atenção para estes assuntos.
Agora uma sugestão que nos foi proposta e que será muito interessante a você que deseja conhecer um pouco mais aprofundado sobre a PNAN...
Acesse o Site daPNAN e no ícone <Ações Estratégicas da PNAN> você encontrará os diversos setores onde a PNAN está inserida e como estão construídas suas ações em cada área.
Vai ser uma verdadeira viagem pelo mundo do conhecimento.... Então, navegue à vontade.
Até a próxima...


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Vigilância Sanitária



Sim nós temos uma Resolução que define como atuar no âmbito da Vigilância Sanitária

A Resolução 380/2005 possui essas atribuições e nela ficamos sabendo que no âmbito da Vigilância Sanitária, o nutricionista devera desenvolver as seguintes atividades obrigatórias:

  1. Integrar a equipe de Vigilância em Saúde;
  2. Participar na elaboração e revisão da legislação própria da área;
  3. Cumprir e fazer cumprir a legislação de Vigilância em Saúde;
  4. Promover e participar de programas de ações educativas, na área de Vigilância em Saúde;
  5. Elaborar o plano de trabalho anual, contemplando os procedimentos adotados para o desenvolvimento das atribuições;
  6. Colaborar com as autoridades de fiscalização profissional;
  7. Efetuar controle periódico dos trabalhos executados.
Não acabou, pois alem das atividades obrigatórias existem as complementares:


  1. Integrar comissões técnicas de regulamentação e procedimentos relativos a alimentos, produtos e serviços de interesse a saúde, inclusive do trabalhador;
  2. Desenvolver e divulgar estudos e pesquisas relacionadas a sua área de atuação, promovendo o intercambio técnico-científico; 
  3. Colaborar no aperfeiçoamento, atualização e especialização de profissionais da área da saúde, participando de programas de estágios, treinamento e capacitação;
  4. Prestar serviço de auditoria, consultoria e assessoria na área, somente quando não estiver exercendo a função de autoridade sanitária;
  5. Participar do planejamento, implantação e coordenação do Laboratório de Controle de Alimentos;
  6. Integrar fóruns de controle social, promovendo articulações e parcerias intersetoriais e interinstitucionais e estudos epidemiológicos, com base em critérios técnicos e científicos.
Lembrando que esta Resoluçao Foi Alterada Recentemente Conforme anunciado pelo CFN Aqui

Qual dessas Áreas mais te ATRAEM? TODAS?!?

Vamos continuar discutindo sobre como você nutricionista pode atuar nas diversas áreas do setor público?

Começando pelo PNAE...

Certamente você já ouviu falar do PNAE. Se deseja conhecer melhor, além de se inteirar comigo aqui, sugiro uma leitura aprofundada do Manual deApoio para as Atividades Técnicas no Nutricionista no Âmbito do PNAE  & a Resolução CFN nº 465/2010.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) completou 60 anos de existência em março de 2015. Caracterizado como a política pública de segurança alimentar e nutricional de maior longevidade do país, o PNAE, ao longo de sua trajetória, passou por diversas alterações, sendo considerado hoje um dos maiores programas na área de alimentação escolar do mundo e o único com atendimento universalizado. As modificações ocorridas na execução do PNAE foram acompanhadas por revisões e atualizações de todo o seu arcabouço legal. Dentre os avanços do programa, destaca-se a descentralização da gestão ocorrida em 1994. A partir desse ano, os estados, os municípios e o Distrito Federal passaram a gerenciar a verba e as ações do PNAE. Concomitante à alteração, ocorreu a inserção do nutricionista nesta política, o qual passou a ser designado como responsável pela elaboração dos cardápios dos programas de alimentação escolar.
Após 21 anos da inserção legal do nutricionista no PNAE e diversas alterações nas legislações que o norteiam, o nutricionista se consolidou como Responsável Técnico e importante ator social para o êxito da alimentação escolar. Atualmente, as normativas que determinam os princípios e as diretrizes da política são a Lei 11.947/2009 e a Resolução CD/FNDE n26/2013. Em relação ao objetivo do PNAE, segundo a legislação tem-se que:

O PNAE tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de práticas alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo.

          Para atingir este objetivo as entidades executoras, secretarias estaduais e municipais de educação, gerenciam o PNAE, e a responsabilidade técnica pela alimentação escolar cabe ao nutricionista. No ano de 2010, o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) publicou a Resolução n°465, estabelecendo os parâmetros numéricos mínimos de referência no âmbito PNAE. Este documento define a carga horária (CH) e o quantitativo de nutricionistas necessário para a execução das atribuições previstas na legislação considerando-se para cálculo o número de alunos atendidos.
Em relação às atribuições do nutricionista no PNAE, compete ao profissional vinculado à Entidade Executora (EEx) exercer 13 atividades obrigatórias e nove complementares. Das atribuições obrigatórias, destacam-se:
Ø      Realização de diagnóstico do estado nutricional dos estudantes;
Ø  Planejamento, elaboração, acompanhamento e avaliação do cardápio da   alimentação escolar;
Ø     Capacitação de recursos humanos;
Ø     Controle de qualidade higiênico sanitário;
Ø  Coordenação e realização de ações de educação alimentar e nutricional (EAN), dentre outras.

ESPERE!! Temos NoViDaDeS quentinhas... no dia 14 de Setembro de 2018

      O CFN publicou que, atendendo as novas dinâmicas e demandas da profissão, o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foram incluídos tanto na área de Alimentação Coletiva quanto na de Saúde Coletiva (Art. 3º, Áreas I e IV). Esse entendimento resulta da constatação prática de que os nutricionistas que atuam no PAT ou no PNAE executam atribuições de ambas as áreas, que são indispensáveis para o atendimento dos programas. Esta é a Resolução alterada.

Referências

CORREA, Rafael. et. al. Atuação do Nutricionista no Programa Nacional de Alimentação Escolar na Região Sul do Brasil. Disponível Aqui 
FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento e da Educação Ministério da Educação
Conselho Federal de Nutricionistas do Brasil – CFN Resoluções

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Apoio Matricial





   Os conceitos de apoio matricial e equipe de referência foram desenvolvidos por Campos (1998, 2000, 2003), dentro da linha de pesquisa voltada para a reforma das organizações e do trabalho em saúde denominada de "Política, modelo de atenção e de gestão: investigação teórica e metodológica", apoiada pelo CNPq. Essa metodologia de gestão do cuidado foi, inicialmente, adotada em serviços de saúde mental, de atenção básica e da área hospitalar do Sistema Único de Saúde de Campinas-SP, Belo Horizonte-MG e também na cidade de Rosário/Argentina. A partir de 2003, alguns programas do Ministério da Saúde - Humaniza-SUS, Saúde Mental e Atenção Básica/Saúde da Família - também os incorporaram.
    O que é e como funcionam o Apoio Matricial e a Equipe de Referência? O Apoio Matricial em saúde objetiva assegurar retaguarda especializada a equipes e profissionais encarregados da atenção a problemas de saúde, de maneira personalizada e interativa. Opera com o conceito de núcleo e de campo. Assim: um especialista com determinado núcleo, apoia especialistas com outro núcleo de formação, objetivando a ampliação da eficácia de sua atuação. Trata-se de uma metodologia de trabalho complementar àquela prevista em sistemas hierarquizados, a saber: mecanismos de referência e contrarreferência, protocolos e centros de regulação. O Apoio Matricial pretende oferecer tanto retaguarda assistencial quanto suporte técnico-pedagógico às equipes de referência. Depende da personalização da relação entre equipes de saúde, da ampliação dos cenários em que se realiza a atenção especializada e da construção compartilhada de diretrizes clínicas e sanitárias entre os componentes de uma equipe de referência e os especialistas que oferecem Apoio Matricial. A ampliação de cenários significa um cardápio de atividades, que podem ir desde um atendimento conjunto entre profissionais de serviços diferentes, a participação em discussões de projetos terapêuticos, discussões de temas prevalentes, análise de estratégias para lidar com demanda reprimida, análise de encaminhamentos até a simples disponibilidade para contato telefônico para discutir urgências ou seguimentos. As diretrizes de risco devem prever critérios para acionar o apoio e definir o espectro de responsabilidade tanto dos diferentes integrantes da equipe de referência quanto dos apoiadores matriciais. Por exemplo, alguns hospitais adotaram como estratégia para transformar as tradicionais interconsultas em Apoio Matricial a obrigatoriedade de os pedidos de apoio e as devolutivas serem realizadas também pessoalmente, ou seja, se a equipe que cuida de um usuário é uma equipe de referência, ela tem o papel de coordenar a atenção do usuário, o que significa participar de todas as decisões ou propostas terapêuticas.
    A Equipe e os Profissionais de Referência são aqueles que têm a responsabilidade pela coordenação e condução de um caso individual, familiar ou comunitário. Objetiva ampliar as possibilidades de construção de vínculo entre profissionais e usuários. O termo "responsabilidade pela coordenação e condução" refere-se à tarefa de encarregar-se da atenção ao longo do tempo, ou seja, de maneira longitudinal, à semelhança do preconizado para equipes de saúde da família na atenção básica. Ainda que vários profissionais intervenham sobre um caso, é importante a definição clara de quem entre eles será o profissional de referência, coordenador do caso. Esta tarefa - se não significa que o profissional que coordena vá tomar o lugar de outra profissão ou especialidade -, significa o desenvolvimento de uma capacidade de diálogo para compreensão sobre os objetivos de cada recorte disciplinar e proposta terapêutica, buscando analisar as intersecções entre diagnósticos e tratamentos, definir prioridades e, a partir de um vínculo terapêutico com o usuário, viabilizar sua participação (e/ou de sua família) nos processos de decisão clínicos. 
    O Apoio Matrcial é formado por um conjunto de profissionais que não tem, necessariamente, relação direta e cotidiano como o usuário, mas cujas tarefas serão de prestar apoio às equipes de referência (equipes de Saúde da Família). Asssim, se a equipe de referência é composta por um conjunto de profissionais considerados essenciais na condução de problemas de saúde dos pacientes, eles deverão acioanar uma rede assistencial necessária a cada caso. Em geral é em tal "rede" que estarão equipes ou serviços voltados para o apoio matricial, de forma a assegurar, de modo dinâmico e interativo, a retaguarda especializada nas equipes de referência. Vale ressaltar que o Nasf está inserido na rede de serviços dentro da Atenção Primária à Saúde (APS), assim como as equipes de Saúde na Família, ou seja, elas fazem parte da APS. Fica claro, portanto, que o conceito de apoio matricial em uma dimensão sinérgica ao conceito de Educação Permanente. 
     O conceito de Apoio Matricial e mais ainda sua prática constituem aspectos relativamente novos no âmbito do SUS. A dimensão assistencial é aquela que vai produzir ação clínica direta com os usuários, e a ação técnico-pedagógica vai produzir ação de apoio educativo com e para a equipe. Essas duas dimensões podem e devem se misturar nos diversos momentos.

Continua....

Referências
CUNHA, Gustavo Tenório. Campos, Gastão Wagner de Sousa. Apoio Matricial e Atenção Primária em Saúde (Disponível Aqui)


Campo para atuação no SUS? É o que NÃO FALTA!!





    Considerando o papel da alimentação como fator de proteção - ou de risco - para ocorrência de grande parte das doenças e das causas de morte atuais, considera-se que a inserção universal, sistemática e qualificada de ações de alimentação e nutrição na atenção primária à saúde, integrada às demais ações já garantidas pelo SUS, poderá ter um importante impacto na saúde de pessoas, famílias e comunidades. Sendo esse nível de atenção o primeiro contato da população dentro do sistema de saúde, os profissionais devem incorporar uma visão ampla que considere as próprias condições de vida dos sujeitos e comunidades e, ainda, o contexto social de manifestação do processo saúde-doença. 
    Por inserção sistemática e qualificada entende-se a incorporação de profissionais de saúde de nível superior e médio, formados em temas gerais de saúde e capacitados para desenvolver ações de promoção da alimentação saudável direcionadas a indivíduos, em todas as fases do curso da vida, e comunidades. Entende-se também que é importante a presença do nutricionista nos NASF e nas unidades básicas convencionais para: (1) atuar diretamente junto a indivíduos, famílias e comunidade; (2) participar de ações de educação continuada de profissionais de saúde; e (3) articular estratégias de ação com os equipamentos sociais de seu território de atuação, em prol da promoção da alimentação saudável, do Direito Humano à Alimentação Adequada e da Segurança Alimentar e Nutricional.
    A Ação do Nutricionista na Atenção Primária à saúde deve-se pautar pelo compromisso e pelo conhecimento técnico da realidade epidemiológica e das estratégias e das ferramentas de ação em saúde coletiva.
Sua atual inserção nesse nível de atenção à saúde ainda está longe do recomendado e do necessário para lidar com a realidade epidemiológica nacional.
A formulação e a implementação das ações de alimentação e nutrição na atenção primária em saúde deve considerar os seguintes elementos organizacionais:  

(1) Níveis de intervenção: gestão das ações de alimentação e nutrição e cuidado nutricional propriamente dito (englobando ações de diagnóstico, promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento/cuidado/assistência);
(2) Sujeito das ações: o indivíduo, a família e a comunidade;
(3) Caráter das ações: universais, tais como aquelas ações que visam à garantia da SAN e à promoção de alimentação saudável (aplicáveis a quaisquer fases do curso da vida) e específicas, aplicáveis a uma determinada fase do curso da vida, ou seja, ações destinadas a gestantes, crianças, escolares, adolescentes, adultos e idosos. 
    Dentre as ações, estão incluídos o incentivo, o apoio e a proteção ao aleitamento materno; a vigilância alimentar e nutricional (SISVAN); programas de suplementação medicamentosa de micronutrientes (ferro, ácido fólico e vitamina A); o cuidado nutricional em programas de saúde para grupos populacionais específicos (risco nutricional, hipertensos, diabéticos, entre outros) e o acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família.




Referências

Conselho Federal de Nutricionistas - O Papel do Nutricionista na Atenção Primária à Saúde (Disponível Aqui)

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Analisando uma Situação-Problema




Será que estas também são suas Dúvidas?


Ainda abordando sobre a Atuação do Nutricionista no SUS vamos analisar uma situação hipotética.

Após 6 meses de formados um grupo de nutricionistas marca um encontro..

João – Povo...tenho uma ótima novidade para contar. Fui aprovado no concurso público da Prefeitura Municipal de Minha cidade e vou atuar como nutricionista. Estou super feliz, mas ainda não sei onde vou atuar, isso tem me deixado um tanto ansioso.
Maria – Rapaz...que maravilha, você merece João. Eu estou torcendo para que seja no NASF, tomara que você consiga desenvolver muitas atividades de Apoio Matricial com a equipe e obtenha resultados com a comunidade.
Camila – Uhuhuhu...merecido amigo. Mas eu gosto mesmo é de fazer grupo, só pode ser no NASF.
Michele – O NASF é legal porque você poderia fazer muitos atendimentos individuais.
Iasmim – Vocês lembram que no NASF tem que se trabalhar dentro da lógica de Apoio Matricial... Nossa preciso voltar a estudar sobre isso.
Tati – As vezes pode até trabalhar na Academia da Saúde. Lá existem essas academias?
Gislane – Nossa eu amo demais o PSF...fico tão assustada quando vejo a estratégia deixando de ser prioridade para tantos gestores municipais.
Karine – Muito legal o PSF, mas você também pode atuar no SISVAN, é um sistema muito rico e interessante de se trabalhar.
João – É verdade Karine, a gente estudou tanto o NASF que até nos esquecemos de outras possibilidades de atuar no SUS. Mas Será que tem outras possibilidades além do NASF e SISVAN?
Ana – Eu conheci uma nutricionista que trabalhava num serviço para pessoas portadoras de deficiência física na minha cidade.
Larissa – Oh gente...mas vocês se esqueceram que tem a merenda escolar?
Mari – Será que lá em sua cidade não tem ações de Segurança Alimentar e Nutricional? Este pode ser um campo de atuação.
Ana – Não podemos esquecer que tem ainda a Vigilância Sanitária....
João – É galera... e eu pensando que ia trabalhar só no NASF kkkkk...


E aí se identificou de alguma forma com esta situação?

Ainda não tinha parado para pensar nestas questões?

Chegou a hora, Vamos pensar juntos...

Comecemos pelos problemas contidos nesta situação. Você consegue identificá-los?

1.Falta de definição para qual cargo se vai ocupar ao participar de um concurso público.
2.Falta de conhecimento da atuação do nutricionista no SUS.
3.Falta de valorização de outras áreas para além do NASF.
4.Falta de conhecimento do profissional sobre a Vigilância Sanitária.
5.Falta de priorização da Atenção Primária à saúde.
6.Desvalorização da merenda escolar.
7.Falta de conhecimento sobre a lógica do trabalho no NASF.

Uffa...quantos problemas em um bate papo hein!!!

Será que há uma lógica para estes problemas existirem?
Sim, claro que há, que tal elencarmos algumas hipóteses?

VEJAMOS...

- Falta de valorização da área da saúde coletiva dentro do processo de formação do nutricionista na universidade.
- A desorganização do sistema público de saúde.
- Preconceito dos nutricionistas com o serviço público.
- Falta de conhecimento sobre a área.
- Valorização da áreas clínica, estética e esportiva.
- Baixa valorização salarial no serviço público municipal.
- Falta de recursos para a Atenção Primária.

A partir dessa situação-problema surgem muuuitos questionamentos...
  •  Como é a atuação do nutricionista no âmbito da Atenção Primária?
  • O que é o Apoio Matricial? Como funciona e quais as suas características?
  • Como é a atuação do Nutricionista no âmbito do PNAE? O PNAE faz parte do SUS?
  • Como é a atuação do nutricionista no SISVAN? E na VISA?
  • Como funciona o acompanhamento nutricional para pessoas portadoras de deficiência física?
  • E, finalmente, como atua o nutricionista na área de Segurança Alimentar e Nutricional?

E aí, conseguiu responder todas as questões propostas?
No próximo post discutiremos cada tópico abordado aqui. Até lá.